Espelho d'agua

A chuva cai lá fora, pesada

torrencial, dos meus olhos

As árvores me observam e não me consolam

me olham com o canto dos olhos

com os braços levantados para o alto.

Me sento de costas para o caminho

me enredo, enrolo, embolo em mim mesma

deito na areia e olho o céu dentro de mim

tantas estrelas e sóis brilhando à luz do dia

tantas flores de pétalas verde brotando no mar

tantas portas se abrindo nas sequóias do campo

tudo o que posso ver, mas dissipa tão logo decido tocar.

Reflexo atrevido como a chuva que quero esconder

incômodo quanto o frio por baixo da pele

me obriga a me encolher até sumir

e sou uma carcaça sem alma de costas para a floresta

oca que se desfaz aos poucos conforme o vento se faz mais forte...