Encantos da meia-noite

Do silêncio vê-se a vida

em profunda meditação:

Muito longe

o verde dos pastos

engana a fome.

Faltam rosas, pão de trigo

mangas, abacates e umbus.

Essas lembranças,

são chamamentos

dos cheiros e sabores

minha da infância.

Águas frescas

procuram abrigo

na boca.

Fogueiras iluminam

os palcos das ciladas

e os sinais dos astros

que não vi.

Orações ecoam nos claustros

das ruas calçadas de areia

e chumbo.

O restos são conservados

em vinagre, formol e sal.

Colibris desistem das flores.

imolam-se nas sombras

da noite congelada em mim.

Um rio largo passa na pele

e leva as flores do corpo

debulhado pelo tempo.

Tudo é tão igual!

Ainda trago pesadelos

das noites que

não adormeço.

Nas folhas úmidas

e roupas molhadas,

vejo histórias felizes.

A brisa que passa

anuncia a calma

do mar aberto.

Quase nada de ti

aprofundou raízes.

Aqui e acolá,

as crianças fogem dos sacis,

mulas-sem-cabeças e anjos

dançado cirandas.

Reluzem estrelas

no intervalo dos

meus sonhos.

Depois da meia-noite atravesso

mares, escrevo contos, poemas

e cantos...

Há encantos demais

nas histórias que me

negas a repetir.

Nada digo desta morte

- a que chamo silêncio -

chega ao final a solidão.

Raimundo Lonato
Enviado por Raimundo Lonato em 25/08/2017
Reeditado em 25/08/2017
Código do texto: T6094228
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