HÀ UMA RUA

Há uma rua chinfrim

Por onde perambulam cachorros inválidos

e homens imaturos

esta rua me liga ao mundo

está rua nasce em mim

Nela os bichos da vida vivem a espreita

a rua é torta, não é direita

olho-a da janela de minha alma

que também é estreita

Ouço um grito de amor que ecoa sem resposta

Descobri que as casas da rua não tem porta

a rua esta vazia, a rua está morta

Talvez seja passarela da solidão?

ela é repleta de paralepipedos tristes

e agonia dos amores vãos

por ela um homem caminha cansado

Meu Deus, ele tem o meu rosto

meus Deus, ele tem minha alma

ele tem o meu coração

outro passa com pressa

Há também um bêbado desolado,

que debulha em silêncio o seu violão

nem sabem que a rua é minha

Mas não reclamo,

minha rua é mesmo uma porta aberta

por entram a morte, que é a ante-vida

e a vida se esconde-se nos desvãos

Mas sei que tudo está lá

Até o vidro trincado da dúvida

e o fecho quebrado da emoção

tudo caminha por ela

tudo nela se perde

tudo nela é ilusão,

A minha rua na verdade

está abandonada

nelas os faróis se fecharam

E eu nunca soube a razão