A DOR DA SOLIDÃO

Tranquei-me no quarto

Não queria ouvir o vento

Nem tampouco sorrir para a lua

Queria apenas que o tempo passasse

E ter esperança de que amanhã voltaria a viver

Assim como se nada realmente tivesse acontecido

Normalidade era o que pretendia pro dia próximo

O travesseiro cobria-me os ouvidos

Mas o coração insistia em falar tão alto

Os olhos fixados no telhado

Boca seca, gosto amargo

Como saberia que a solidão traria tantas moléstias?

Mas não era eu que há pouco sorria pra vida?

Condenava qualquer melancolia

Era o rei da alegria

Aquele era mesmo eu

Mas as lágrimas cruzam altivas

Toda a minha face, antes risonha

Uma chamou-me a atenção ao descer tão pausadamente

Decerto não queria abandonar-me

Mas de fato não poderia ficar só em minhas exaustas pálpebras

Os olhos se fecharam lentamente

O sono não vira na noite passada

A alma temerosa, aflita, suplica...Quer sonhar enquanto dorme

O dia clareia e me faz companhia

O sol ilumina meu olhar e seca o semblante encharcado

Traz-me novamente a pujança necessária

Sei que vivo.

E a solidão se evade

Pensamentos livres, pessoas me rodeiam

Algumas até lançam-me olhares extasiados

E é o que me faz sentir a essência da vida mais uma vez

Espero que a noite nunca mais chegue