Casamento Com Meus Defeitos
Acordo fazendo um acordo com o desacordo de minha vida
Acordes de meu violão desafinam o que seria uma sinfonia
Entrego-me a um mundo “prego”
Digo sim ao que na verdade nego
Repito o que já foi dito
Faço do silêncio à vontade de dar um grito
Rôo as unhas, balbucio tolas palavras
Penso no que sou e em quem amava
Não vejo televisão
Mas sei exatamente o que ela diz
São os pensamentos mais sem noção
Que me deixam inutilmente feliz
Ouço o abrir da porta
Sinto-me sozinha em casa
Tudo o que vai, um dia volta
Dou-te a liberdade, mas não quer ter asa
Não tenho raiva de tuas toalhas penduradas
Nem de teus chinelos estranhos embaixo da cama
Nada posso cobrar, porque subo embriagada as escadas
E com outras pessoas amarroto o meu velho pijama
As cervejas estão fechadas na geladeira
À espera de mais um gole
Os medos estão em minha cabeça
Espero que não me julgue, não me amole
As rações dos peixes estão dentro do armário
Remexo o meu mundo ao reler o meu diário
Abro a porta para o nada e sempre dou um sorriso
Não aceito a idéia de que crescer é ter juízo
Os anos passam, o aniversário também acaba
E o mundo que hoje me acende, amanhã também me apaga
Sou casada comigo mesma, com os detalhes de meus defeitos
Sou uma mistura de otimista e inconstante
Mas, me aceito e me tolero desse jeito
Nem sempre eu me entendo
E não é sempre que atendo
Não leio cartas já abertas
Não atendo campainhas em horas incertas
São poucas as coisas que cedo
Durmo tarde e acordo cedo
Prezo minha liberdade e sossego
Insistências me metem medo
Sou dos amigos, do mundo e do bar
Nem tudo gira em torno de um par
E assim... casada comigo mesma
Eu tento me suportar