OURO BRANCO

Banhou-se em águas escaldantes;

Vaso de flores no banheiro:

Mostrou-me o mesmo amor de antes:

Ardente, impune, asfixiante;

desesperados no chuveiro!

Vestiu a tez do matrimônio

E iludiu minha família;

O ouro branco era antimônio;

O puro amor foi mero hormônio;

Restou-me a mata e a matilha.

Jurou também amor eterno,

"Provou" que estava arrependida,

E disse-me, sorriso terno:

"Contigo vou-me até o inferno"!

"Contigo vou-me ao fim da vida"

Eu, inocente, fiz rodeios,

Ajoelhei-me até na praça,

Fiz na viola mil ponteios,

E na cabeça, devaneios:

Fiz da corrida toda graça!

Mas eis que as flores me mentiram!

Desenganou-me o tal chuveiro!

O ouro e o amor sucumbiram!

Os hormônios também fingiram,

E eu chorei o dia inteiro.

Cassio Calazans
Enviado por Cassio Calazans em 21/02/2019
Reeditado em 21/02/2019
Código do texto: T6580205
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