Barco ausente de amor

Guio a rota pelo rio.

Da haste sem vela e sem manivela.

Corto as trilhas seguindo os

pequenos peixes.

Levo um pedaço da

minha e da sua história.

A paisagem reflete sobre as águas.

Apressadas escapolem por

entre os dedos.

Acomodo-me na roupa velha.

Deixo que tudo se vá...

Estou só, neste lugar

evasivo e desmilinguido.

Venha ligeiro.

Logo o sol se achega.

Traz sentido até num

pequeno gesto.

Dos lábios finos e sem riso,

pego firme no remo.

O vento vai sorrateiro, sem cais,

no ermo barco.

O destino esgota no eco da proa,

e eu, do fardo dolente que dorme

nos rios, em outra solidão alheia.

Luciana Bianchini

Luciana Bianchini
Enviado por Luciana Bianchini em 08/06/2019
Reeditado em 13/09/2019
Código do texto: T6668357
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