Crises Existenciais

Meu bolso está vazio!

Não há papéis, não há nada

Estou sentindo frio

Minha alma está lavada

Tenho medo,

Sinto medo de ficar sozinho

Não há segredos

Há muitas pedras em meu caminho

Tenho amor,

E às vezes acordo assustado na madrugada

Tenho dor,

Percebo que não tenho nada

Minha bonança já passou

Resta-me apenas o conforto

De saber que nada sou

E que um dia estarei morto

Minha mente enlouquece

Muita coisa pra pensar

Meu peito padece

Não consigo me suportar

A luz está acesa

O som está ligado

A comida está sobre a mesa

E lá estou eu, parado!

Não há mais dor

Minha vida foi tomada

Resta-me apenas um grão de amor

Na verdade não há mais nada

Olho-me no espelho, vejo o fim

Vejo tudo que não quero ver

Há um monstro dentro de mim

Querendo me deter

Já não importa o que aconteceu

O que importa é que devo lutar, vou chegar não adianta a distância

Este monstro sou eu

E não posso sucumbir diante da minha ignorância

Sou cego, surdo e mudo

Não falo, não ouço, nem vejo

O nada é agora o tudo

Que eu infelizmente desejo

Meu peito não sente mais alegria

Sou um poço insistente

Resta-me apenas a agonia

De me ver tão decadente

Vejo o dia como a noite e a noite como o dia

Não quero enxergar mais

Cansei de ver tanta porcaria

Agora eu quero a paz

Agora eu quero deitar em minha rede e sonhar feliz

Quero dormir pra sempre, não quero mais ver a luz do dia

Quero esquecer-se do meu país

E de toda a sua hipocrisia

Agora eu quero apenas,

Alguém que me levante quando eu cair, eu preciso!

Quero uma linda morena

Que traga de volta ao meu rosto, um sorriso

Agora eu quero esquecer-se do meu tão sonhado futuro

Não há nada bom!

Estou seguro

Que não iria lamentar se me juntasse a Vinicius e Tom

Chega de sonhar

E fazer de mil quimeras uma real loucura

Não quero mais saber de lutar

Chega de enfrentar a censura

O que farei lutando sozinho?

De que adianta enlouquecer e perder minha vida

Acho que devo apagar tudo isso do meu caminho

Chega de lutar pelas Causas Perdidas

O dinheiro machuca, mata e corrói

Eu não sou melhor que ninguém

Nem tenho vocação pra ser herói

E lutar pelo bem

Dá-me paz e sossego, Meu Deus!

Faz-me viver pelo lado certo

Faz-me esquecer desses problemas que não sãos meus

Meu futuro é incerto

Meu pai errante, e corruptível onde estás?

Por que me decepcionaste tanto, onde está a sua firmeza?

Tudo que você faz

Só me traz tristeza

Nessa porcaria que é a minha existência

Não há mais sentido

Só há decadência

Tudo está perdido

Não há luz no fim do túnel, nem esperança

Tudo se mostra impossível

Não sei o que é bonança

Desiludido, caio numa desistência terrível

Não posso, não quero e não devo mais viver

Sou um louco, uma causa perdida!

Não paro de sofrer

E não tenho razão pra continuar com essa vida.

Antônio Drummond de Moraes

Antônio Drummond de Moraes
Enviado por Antônio Drummond de Moraes em 01/10/2007
Código do texto: T676308