vida
ainda chamuscada
emerjo
do meu voraz chão
minha poesia
corta
como lâmina de faca
trago com desdém
infindáveis
ensombrados momentos
vou convalescendo
dos pesares
da minha existência
do mundo que tiram
de mim
tão impunemente
vago por caladas ruas
de batidas
janelas e portas
de bocas cerradas
indiferentes
à minha companhia
nada me restou
além de ir
por onde eu sigo
mas ando como a tarde
vivendo
entre a noite e o dia
saindo aos poucos
em vôos
do pó da minha vida
essa que me invade
no despertar
de outro amanhã
trazendo saudades
tristezas
e novas alegrias
dalila balekjian
do livro meta morfoses