vida

ainda chamuscada

emerjo

do meu voraz chão

minha poesia

corta

como lâmina de faca

trago com desdém

infindáveis

ensombrados momentos

vou convalescendo

dos pesares

da minha existência

do mundo que tiram

de mim

tão impunemente

vago por caladas ruas

de batidas

janelas e portas

de bocas cerradas

indiferentes

à minha companhia

nada me restou

além de ir

por onde eu sigo

mas ando como a tarde

vivendo

entre a noite e o dia

saindo aos poucos

em vôos

do pó da minha vida

essa que me invade

no despertar

de outro amanhã

trazendo saudades

tristezas

e novas alegrias

dalila balekjian

do livro meta morfoses

dalila balekjian
Enviado por dalila balekjian em 04/10/2007
Código do texto: T680331