Devaneio
“Estive conversando com a morte.
Agora ao lembrar-me disso
Encho-me de um imenso pavor!
Ela sussurrava ao meu ouvido
Como se brincasse comigo,
Estranhas propostas de amor!
Dizia que iria levar-me
Para conhecer outras terras
Onde eu voaria como o vento,
Terra que nunca se cansa
Viveria numa eterna dança
Dum compasso calmo, lento
Não cedi a tal desatino,
Pois tive uma visão pavorosa
Viajava por terras áridas
Sedentas de luz e compaixão,
Corpos caídos pelo chão,
Com faces tristemente pálidas.
Um grito de dor me arrancou
De tal pesadelo insano.
Cheguei a tempo de ver,
Idéias outrora sãs, agora mórbidas.
Os olhos saltarem das órbitas,
O sangue do meu pescoço escorrer.”