Atemporal
De tempos em tempos, um vento distante pousa cálido sobre meu travesseiro...
É quase um sussurro.
Silencioso como a noite entre as horas.
Cauteloso como o medo do escuro...
Pergunto-me o quê há de vir ao amanhecer...
Responde-me, audaz: Tudo!
Sinto apenas o peso do sonho que ainda não veio...
Como um solo ressequido ansiando pela compaixão do tempo e da chuva.
Um solo infértil.
Incapaz.
Nada! - Digo ao vento que dança entre a cortina lilás...
Vá embora enquanto pode...
Enquanto a janela ainda se abre...
Enquanto há música entre as cortinas.
Enquanto há chuva para levá-lo...
E ele se vai.
Sabe que deve seguir por onde haja luz.
De tempos em tempos me vejo sozinha.