Atemporal

De tempos em tempos, um vento distante pousa cálido sobre meu travesseiro...

É quase um sussurro.

Silencioso como a noite entre as horas.

Cauteloso como o medo do escuro...

Pergunto-me o quê há de vir ao amanhecer...

Responde-me, audaz: Tudo!

Sinto apenas o peso do sonho que ainda não veio...

Como um solo ressequido ansiando pela compaixão do tempo e da chuva.

Um solo infértil.

Incapaz.

Nada! - Digo ao vento que dança entre a cortina lilás...

Vá embora enquanto pode...

Enquanto a janela ainda se abre...

Enquanto há música entre as cortinas.

Enquanto há chuva para levá-lo...

E ele se vai.

Sabe que deve seguir por onde haja luz.

De tempos em tempos me vejo sozinha.

Silvia Coutinho
Enviado por Silvia Coutinho em 12/11/2020
Código do texto: T7110131
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