FLORES E SEPULTURA

Trago comigo marcas dos tempos

Do passado que é um livro já lido

Onde páginas arrancadas me doem

Como se só elas fizessem sentido

Arrasto as correntes das paixões acalentadas

Pelo átrio vazio do meu discreto desespero

Os sonhos são flores que ainda vivem nas sombras

Assim ainda rego-as com algum esmero

Ah estas velhas paixões acorrentadas

Que se prendem nas asas do medo

Por temerem nunca mais ser retribuídas

Pulsam angustiadas em total segredo

As páginas arrancadas de minha vida

Falavam de um amor que não me amou

Desterro dos meus sonhos perdidos

Flor do mato que jamais vingou

Então, o meu coração, este velho jardineiro

Que nada mais espera da estação futura

Engana a dor que brota em meus olhos

Cultivando flores na própria sepultura

Celio Govedice
Enviado por Celio Govedice em 15/11/2007
Reeditado em 01/01/2010
Código do texto: T738055
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