Companhia

Um som insolente pra ouvir

Um livro, um cobertor de frio

E o intenso desejo de ficar só

Algumas nuvens por aqui

Voando como um sonho vazio

E a imensa vontade de que nada aconteça

Pincel, tinta e tela

Que beleza existe na alma?

Que beleza existe na calma?

Minha vida daria uma bela aquarela

A guitarra esconde sons

Que ninguém pode ouvir

E o meu silencio tons

Que não existem ainda

Talvez nunca venham a existir

Eu só quero minha companhia

A falta do tempo

A presença da noite

E a imaginação da poesia

Que ainda há de ser escrita

Quero sentir que não existo

Somente existir por um dia

E viver um dia mais

E dormir a noite fria do meu lado

Porque eu sou uma viagem

A melhor de todas as margens

Sou a nau, sou o cais

Sou o viajante

Sou quem aporta

Sou quem sente o intenso desejo

De ainda não ultrapassar esta porta

Everton Vidal Azevedo