Do tempo perdido
Mantenho a solidão trancafiada,
Mas ela é um bicho
Que despenca porta afora
Do coração adentro
Se eu não me ponho em malas agora
É por ainda venerá-lo tanto
Vejo os vultos
Ao meu lado
Todos passando reluzentes, piscando
Na iminência de bastarem a si mesmos
Não me julgue mal,
Apenas não é suficiente apoiar-me
A graça das piadas desbota da cor
Para vibrarem no passado
Descompassado de dois
Nem minha caneta fala mais
Deixou-me comigo
Na tinta das horas
No arrastar dos ponteiros
Na prisão dos homens modernos
Que é a velhice do relógio
E o silêncio aqui de casa é um eco
Que não volta a ser silêncio,
Para tornar-se solidão
Branco e bobo,
Mole e lesto
Os ventos calmos,
O grito dos morros.
De costume, de conformação.
Não sou como os ventos
Tem muito desespero em mim
Para que eu fique calada
E a minha vontade dá um ponto final.