Lembrança
Então você veio
trazendo um sopro
um alívio em minha solidão
eu de tão carente
tão imprudente
tão ganancioso
quis te ter em minhas mãos
Não pude me contentar
em vê-la livre
quis prender-te numa uma gaiola
quis trancar-te em meu coração
quis a tê-la só para mim
Não sabia que a sua maior riqueza
era ser livre
era voar-te feito pássaro
E assim com a água
que se esvai por entre os dedos
como o sonho
que se vai quando se acorda
lhe perdi
Guardo hoje a dor daquele instante
que só existe ainda em mim
não posso tocá-la
não posso tê-la
A não ser dentro de mim
Poema dedicado a memória de Vitória Soares