Pequeno diário de lágrimas

Ela desenhou cada pingo de chuva

em seu pequeno diário

enfim milhares de diários.

Ela rabiscava palavras e emoções

se amostrava aos seus fantasmas

as sensações inexatas de seus desejos

aspirações, fantasias.

Ela gritava no pequeno papel

as angústias, alucinações e medos.

Eram poucas as alegrias, as felicidades, as ternuras

marcadas entre pesadelos, dissimulações.

Ela construiu infindáveis muros,

torres, faróis existências

entre sua alma e o seu lívido mundo.

Provou o fel de cada dia,

o pão dormido de cada acolhimento vazio.

Ela ascendeu ao infinito

guardou cada pequeno diário em distantes cavernas

desenhadas nos profundos mares sem fim

de lacrimosas páginas em seu provençal diário sideral.