Do jeito que eu gosto

Acordei cansado e triste mais uma vez,

bebi uma xícara de café frio, não havia mais carvão

para requentar o café no fogão a lenha.

Olhei para o céu e estava como eu gosto, nublado.

Vesti meu agasalho de lã e fui para uma caminhada.

As ruas estavam vazias, assim como eu gosto.

Percebi que era domingo, o sino da igreja badalava

e avistei umas carolas caminhando com o terço nas mãos

rezando para que eu ficasse longe delas.

Umas velhas sem graça, viúvas da amargura.

Avistei uma praça acolhida de árvores e sentei-me

num banco de cimento frio como meu coração,

provei o gosto do fel daquela solidão e daquele frio.

Aquela cena sem graça da minha vida de manhã

me fez sentir raiva e retornei para casa.

Abri a porta da pequena casa de paredes descascadas

sem cor e sem alegria e retornei para cama,

do jeito que eu gosto,

me enrolei com o velho cobertor que fora de minha mãe

e voltei a dormir cansado daquele passeio chato que fiz,

triste do jeito que eu gosto.