UM GRITO
Partir para longe
onde o sol se esconde.
Não volver os olhos,
não me lamentar.
Soltar somente um grito,
selvagem,
um nome.
Pra ninguém me ver,
nem me escutar.
Gritar do ventre de um onda triste,
que se desdobra
e logo vai morrendo,
derrotando rochas,
sufocando musgos,
em prantos de ventos
que passam gemendo.
Gritar que sou frágil duende
que se perdeu
na volta ao seu plano
e que não sabendo
mais como ser gente
se atrofiou
dentro de um ser humano.