Ainda falta uma tecla

E então sentei enfrente ao velho computador para escrever,

Ó que angústia isso me traz,

Cuspir palavras que ferem meu peito,

No rádio estava tocando Rice,

Somos apenas mentiras contadas uns aos outros,

Pensei,

Histórias feias e rudes,

Mas ainda sim faltava uma tecla,

Inspiração,

A mortalha jogada sob os olhos castanhos,

Todas as tolices escritas no papel,

O vinho que mancha a mesa de escrever,

Escrever,

É a morte em poucas palavras,

Escrever,

É amar a dor como ela é,

Sozinha,

Fria,

Escura,

Absurda,

Escrever,

É se jogar no meio de um vulcão,

Banhar pelado em meio a tempestade esperando ser atingido por um raio,

Escrever,

É chorar sozinho sem ninguém para enxugar tuas lágrimas,

Talvez minha ultima escrita,

O suicídio em meu próprio funeral,

Seja o lembrete final,

Das lágrimas escondidas,

Poesias mentais,

Aquele silêncio ao te encontrar,

Talvez,

Apenas talvez isso faça alguém me ouvir gritar,

Socorro,

Os lobos correm atrás de mim,

Minha carne rasgada como papel,

Meu sangue?

Ah,

Só poesia derramada sob a terra,

O louco ainda a de amar,

Morte em poucas palavras,

Ó poetas talvez algum possa decifrar,

O que tantas palavras querem gritar,

O papel é silencioso,

A morte é silenciosa,

A poesia é silenciosa,

O suicídio é silencioso,

Ó angústia,

Ó deus perdido entre os homens,

Saia da minha cabeça,

Saia das minhas poesias,

Ó anjos mentais,

Me salvem,

Eu vos imploro,

Pois ainda falta uma tecla,

Inspiração,

Sentado enfrente ao computador,

Escrevendo em vão.

Leomar Sousa Cruz
Enviado por Leomar Sousa Cruz em 27/02/2024
Código do texto: T8008018
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