Em Bares

Em bares vejo homens em roupas gastas e sapatos velhos,

Homens cheios de histórias feridas,

Repetidas em cada copo que se enche e esvazia,

Em goles profundos cheios de rancor,

Vejo anjos imperfeitos a beira da loucura,

Devastados por mulheres,

Dinheiro,

Religião,

Filhos,

Amor,

Traição,

Em bares vejo poesias embriagadas,

Encharcadas em whisky barato e cigarros,

Olhos vazios e solitários em meio a fumaça,

Mulheres sujas em bares amam esses trapos de homens,

Alguns até cometem suicídio antes que elas cheguem até eles,

Mas o que esperar de uma vida tão banal?

Em bares ninguém realmente é triste,

Ela tem olhos lindos,

E um perfume de rosas,

Mas ela me viu em bares,

E eu não a vi,

Ela gosta de canções de amor,

Por isso vai em bares,

Onde me encontrou,

Com um copo na mão murmurando palavras ao vento,

Poesia; eu disse,

E ela sorriu e completou o copo,

Em bares,

Vejo criaturas humanas sozinhas,

Eu estava sozinho,

Um louco sujo cheirando a whisky barato e cerveja choca,

Sem amor,

Sem poesia,

Sem bebidas,

Um sapato velho e sujo,

Sorriso amarelo de quem queria chorar,

Em bares só anjos caídos vão se embriagar,

Somos apenas anjos imperfeitos, pensei.

O que eu sou se não um perdido?

Ainda sim foi capaz de me abandonar,

Caminhou até a porta e sequer olhou para trás,

Eu louco?

Talvez,

Em bares eu vagueio,

Em bares eu estou,

Se está lendo isso agora,

Aqui estou,

Em um bar,

É isso,

Sozinho.

Leomar Sousa Cruz
Enviado por Leomar Sousa Cruz em 27/02/2024
Código do texto: T8008213
Classificação de conteúdo: seguro