A Janela

Meus olhos tremem ao toque da tua lembrança desvanecida,

Farrapos de memórias quebram o silêncio em mim,

A dor covardemente apunhala meu coração,

Lembro-me de uma noite perdida,

A escuridão pairava calmamente sobre mim,

Ó silêncio mortal,

Um anjo,

Um vagalume,

Uma estrela,

Nada era mais especial,

Antes fosse um pecado,

Talvez o breve sinal de uma eternidade,

A janela era teu refúgio nulo,

Livre da maldade do mundo,

Intimamente frágil e inocente,

Aquela janela fora o marco inicial,

Uma história inacabada,

Um beijo em meio a madrugada,

Foi ali,

Ali,

Que tudo mudou,

Algo se acendeu aqui,

A loucura talvez,

Paixão,

Perdão,

Um turbilhão de sentimentos,

Seus olhos negros e brilhantes,

Apaixonantes eu os quis,

Preso na sua escuridão,

Na sua imensidão,

Na tua dor,

Na minha dor,

No pavor que é olhar nesses teus olhos negros,

Pequenos universos,

Que refletem o amor,

Consomem o meu vazio,

Tão negros quanto aquela noite,

Tão frios como esta noite,

Sem ti,

Sem teus olhos,

Sem nós,

Só tua voz,

Ecoando em mim,

Adeus,

Ainda olho pela janela,

Na escuridão alheia sem voz,

Te roubando em pensamentos,

Meu silêncio,

Minha dor,

Em mil outras janelas,

Jamais a verei,

Única,

Perdida,

Deixe aberta,

Para que eu possa olhar uma ultima vez,

Pela janela,

Pela janela,

Você,

Nós,

O passado apagado,

Uma visão,

Uma escuridão,

Minha ultima lembrança,

Da janela fechada,

Dor,

Porque meus olhos tremem ao toque da tua lembrança,

Ó janela.

Leomar Sousa Cruz
Enviado por Leomar Sousa Cruz em 28/02/2024
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