Liberdade traiçoeira
Ditos de uma noite,
melodias a perambular,
sonhos que se esvaem,
em brumas cinzentas,
no vento que sopra frio,
sussurros de almíscar,
caminho entre tropeços,
entre retas e contornos,
por veredas de pinheiros,
ao som de um blues distante,
lamparinas iluminam meus pés,
fecho os olhos e tateio paredes,
rodopio no poste de metal,
pulo as grades do bueiro,
continuo procurando estrelas,
vagalumes cadentes no escuro,
flores cintilantes nos jardins
de um meio fio sem pintura,
brincando com a fila de cercas,
assoviando para o eco do vazio,
tudo é silêncio na rua da solidão,
número 236, apartamento 502,
digo adeus para as lágrimas,
uivo com os lobos para a lua,
salto entre minhas sombras,
como um corvo à espreita,
Ah! A liberdade, essa traiçoeira,
me abraça salientemente,
entre confissões e devaneios,
sigo o fluxo que me conduz,
Horizonte qual? Não sei
Destino qual? Pouco sei
Só embarco nessa viagem,
por mim, por meus "eu's"...