Ida
Vou-me embora
Tão logo parta a noite
Que me engulam vórtices
O invisível me açoite
A sorte vislumbre a morte
Ou me cegue a treva
Vou-me hoje
Nessa madrugada inerte
Que toca os vértices
Que se move em tese
E de fato mede
A minha mão que tange
Vou-me agora
Pois é chegada a hora
De varrer-se a escória
Ruir a história
Esmagar retóricas
Falsas memórias
Fui-me ontem
Dessas terras rendidas
De luzes sem vida
Armas paridas
Guerras perdidas
Em busca do homem
Fui-me nunca
Como imaginei um dia
No amanhecer da tramas ardidas
Derramar em pus feridas
Nessas terras de chamas urdidas
Dos gumes que talham as nucas
Achei ter ido
E por meus pruridos
Recebi castigos
Rugi bramidos
Caí traído
Morri ferido.