Ida

Vou-me embora

Tão logo parta a noite

Que me engulam vórtices

O invisível me açoite

A sorte vislumbre a morte

Ou me cegue a treva

Vou-me hoje

Nessa madrugada inerte

Que toca os vértices

Que se move em tese

E de fato mede

A minha mão que tange

Vou-me agora

Pois é chegada a hora

De varrer-se a escória

Ruir a história

Esmagar retóricas

Falsas memórias

Fui-me ontem

Dessas terras rendidas

De luzes sem vida

Armas paridas

Guerras perdidas

Em busca do homem

Fui-me nunca

Como imaginei um dia

No amanhecer da tramas ardidas

Derramar em pus feridas

Nessas terras de chamas urdidas

Dos gumes que talham as nucas

Achei ter ido

E por meus pruridos

Recebi castigos

Rugi bramidos

Caí traído

Morri ferido.

Fábio Pirajá
Enviado por Fábio Pirajá em 16/01/2008
Reeditado em 16/01/2008
Código do texto: T819386