O Anacrônico

Eu, que, tenho sido corrompido e indigente

Comigo mesmo - andado de soslaio

À procura do eu profundo,

Tenho-me por perdido, mas que absurdo.

Eu tenho vivido na, mais absoluta, miséria.

Onde, onde posso haver-me?

Afinal, tenho esperado, inutilmente,

Uma única noite insone.

Eu, não mais que eu, tenho sentido

O grito oco dos desesperados

E me resignado; sou - meu filho - próprio

De um pai bastardo; um fracassado.

Tenho-me fartado de ignorância,

Melancólico, vivido sem, o preciso, vernáculo

E, sinceramente, batido na sua porta...

Marcelo Luna
Enviado por Marcelo Luna em 06/02/2008
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