Carnaval

Nesses dias impuros

Que escondem os justos

Os deuses do carnaval

Convertem pagãos

Punem cristãos

Voam as noites impunes

Nos seus trajes costumes

Adornam as ruas

Fantasiam impuros

Julgam-me sem absolvição

Castigam-me sem perdão

Põe-me a rogar de joelhos

Pelos meus desmazelos

Meus atropelos

Prostrado me choro

As lágrimas pelo corpo

Encurralado me rogo

Exaurido do jogo

Creio que fui infiel

Àqueles desígnios do céu

E nesses dias de folia

De falsa alegria

Tenho um sorriso amarelo

Limite dos crédulos

Dos blocos passados

Nas janelas vazias

De parapeitos gelados

As paredes me cerram

Na agonia dos retiros

Inércia das orgias

Na quietude desse quarto

Onde rumino fracassos

Arruinado o enredo

Moléstia em tempos de guerra

Nesse carnaval de merda

A quarta-feira me observa.

Fábio Pirajá
Enviado por Fábio Pirajá em 18/03/2008
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