Carnaval
Nesses dias impuros
Que escondem os justos
Os deuses do carnaval
Convertem pagãos
Punem cristãos
Voam as noites impunes
Nos seus trajes costumes
Adornam as ruas
Fantasiam impuros
Julgam-me sem absolvição
Castigam-me sem perdão
Põe-me a rogar de joelhos
Pelos meus desmazelos
Meus atropelos
Prostrado me choro
As lágrimas pelo corpo
Encurralado me rogo
Exaurido do jogo
Creio que fui infiel
Àqueles desígnios do céu
E nesses dias de folia
De falsa alegria
Tenho um sorriso amarelo
Limite dos crédulos
Dos blocos passados
Nas janelas vazias
De parapeitos gelados
As paredes me cerram
Na agonia dos retiros
Inércia das orgias
Na quietude desse quarto
Onde rumino fracassos
Arruinado o enredo
Moléstia em tempos de guerra
Nesse carnaval de merda
A quarta-feira me observa.