Sou

Goteja a linha impenetrável dos meus sentidos

já que as torpes arestas do sentir entremearam-se com a minha embriaguez.

Não sou mais imortal...

O sangue e a carne me consumiram

e já não procuro saídas e sim escolhas.

Mataram as minhas verdades

e agora sou um amontoado de penas flutuando no jardim...

Observo muda cada despertar das folhas,

copio cada dança em ventos,

mas nada converte a necessidade de sentir.

Brada o som ofegante de quem amou o sol

pois daqui eu já não sei o que chorar.

As marés foram vencidas,

a lembrança esquecida

e a marca que gentilmente me fizestes ainda arde ao leve toque.

Sou nua e crua, jazendo as pedras que carreguei sem destino por todos estes caminhos, agora que estou contigo.

Sou vazio, nutrindo a certeza de estar sozinha...