Retrato de mulher

Rose é frágil como uma rosa

Que morre de solidão

Mas depois se renova...

Sucateia o coração

Quando o assunto é o amor

E o coloca sempre à prova.

Não gosta do passado

E o esconde

Por ser tristonho e obscuro

Vibra com o futuro

Mas nada responde.

Não diz que já foi escrava

um dia

Nas mãos de um rude senhor

Que mesmo contrariado

Deu-lhe carta de alforria.

E sempre se entrega a lembrança

Da menina, doce criança.

Estuprada pela pobreza

e a fome

Que sonhava com nobreza

Queria ter esperança

Mas como?

Se nem tinha nome.

Quando remexe os papéis

Experimenta os anéis

Algozes que lhe prendia;

E chora na beira da cama

Uma lágrima que declama

Um sorriso de alegria

Pois no meio da desgraceira

Lembra-se da dor passageira

Que transformava em poesia...

Lembra que já foi “Amélia”

A triste mulher de verdade

Que carregava a ansiedade

De um dia virar camélia...

E Rose se tornou tantas coisas...

Com tantas coisas vividas

E virou grande guerreira

Nos embates desta vida.

Hoje é conselheira

Na fina flor da idade

Símbolo de mulher brasileira

Esboça sutil vaidade:

Pois venceu o preconceito

A dura discriminação

Tapou a ferida no peito

Tomou o destino na mão

E cursou a faculdade

Fez mestrado, pós-graduação

E hoje está formada

Nos assuntos do coração.

E a sua triste história

Ganhou fama, ganhou glória

E tornou-a grande dama

A tremular seu diploma

Nos murais desta cidade

E o seu rosto denuncia

Rose é tudo o que se quer

Felicidade, fantasia

Um retrato de mulher!

“Onde existe amor,

não há impossibilidades”.

Tony Caroll
Enviado por Tony Caroll em 22/06/2016
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