Revolução

Quando a noite chega,

vem com ela o silêncio.

Madrugada a dentro, fico a pensar

que alguma coisa está a mudar aqui por dentro.

Vira e mexe;

Vira e volta;

Remexos e mais remexos;

Tira tudo do lugar.

Penso que crescer vem de dentro pra fora.

Feito flor que desabrocha,

está amadurecendo alguma coisa dentro de mim.

Estranho é que parece maior que eu mesma.

Parece que não vou suportar carregar.

Uma gravidez reversa;

Não de gente, mas de alma.

Está agitado viver dentro de mim.

Alguns tsunamis, algumas erupções,

fendas que se abrem - sangram;

Depois assopra a ferida "calma, meu bem, irá cicatrizar".

Ando bambeando entre minhas próprias pernas,

incerta do quanto sei e do que sou.

Alguma coisa está querendo nascer e, às vezes,

eu, sinceramente, só queria poder abortar.

Abortar a missão.

Julgamentos virão...

Quase 30,

talvez seja a mulher em mim.

O tempo da adolescência passou,

eu nem vi!

Quis chorar, interrompi.

Hoje as lágrimas parecem presas.

Estou tentando me afastar do drama e praticar a aceitação.

Ouvi dizer que o remédio para o que não se pode mudar é aceitar e aí então a transformação pode acontecer.

De dentro pra fora.

Parece que estou brotando de mim.

E estou brotando maior do que sou...

Parece que não cabe e não se encaixa...

Como é possivel eu não sei.

Mas parece que vem para derrubar algumas coisas e

para tirar outras do lugar.

Aquele momento do jogo em que as cartas são embaralhadas.

Está tudo confuso aqui dentro e eu tentando usar minha melhor "poker face".

Tentando fingir costume;

Tentando fingir que sei;

Tentando parecer calma;

Tentando retirar algum aprendizado disso tudo;

Tentando parecer forte e sabia;

Morrendo de vontade de gritar... ou chorar... ou fugir...

Não quero ficar; não quero partir.

Instaurou-se a revolução

e eu não tenho para onde ir.

MAMagni
Enviado por MAMagni em 20/07/2016
Reeditado em 20/07/2016
Código do texto: T5703148
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