Remanescência
 
Ao levantar voo, espalhou-se no ar o que pesava,
aos poucos me despi da culpa.
Ainda vejo lampejos de doçura.
Existia bondade.
O que resta, guardei em caixa de papelão.
                                                                   
Tudo ficou adormecido até a hora findar.
Deixei as noites insones
guiar a manhã seguinte.
O que escureceu o dia,
fora antes profetizado.
 
Da boca sábia veio a palavra,
que eu nem quis ouvir.
A vida inflexível
que não sei descrever
é o tudo que restou
de mim e de você.
                   Maria Bernadete Bernardo de Oliveira