MEU CANTO

Nada do que eu tenho me pertence

Nem o ar, nem pensamentos

Nem a vida de rotina enfadonha

Tampouco os sonhos

Nada mais também importa

Se vou, se fico ou se existo

Insisto em insistir no que me resta

No acaso, no descaso, no encanto

Que por esse canto se ausenta

Por outro, beija, rir e canta

Enquanto meu canto é incerto

Porquanto meu canto se faz silêncio

Não dirijo meus pés a esmo

Fujo do abismo dos tropeços

Dos buracos e das pedras da estrada

Retorno antes que me veja ermo

Antes que eu me veja

Penso e paro

Bebo na fonte do fastio

Me lavo no lindo lago da infâmia.

Tite Beserra
Enviado por Tite Beserra em 31/10/2016
Código do texto: T5808283
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