Aventuras de um coração que partiu

Tão tardio e tão sonolento

Acordara em movimento

Com os batimentos à cem por cento

Derivava em alto mar

Em seu bote tão compacto

Mal sabia o sortudo aventureiro

Que o espírito permanecia intacto

Foi-se distante

Até mil léguas

Procurar remendo

Para suas convicções cegas

"Quem diria", o tempo suspirava,

"Nessa tolice que o músculo faz"

Se míngua todo por tão pouco

Perde o ritmo de tão louco

Esquece da própria natureza sagaz

A saudade então floresce

Sobre a pátria tão amada

"Que há comigo?"

Ruge o marinheiro inconformado

Com o fim que não foi dado

Parece que o tempo era sábio

Sobre o vento do destino

E que tudo muda

Com os menores balanços do sino

Mas agora o valente coração

Perdeu sua rota e a canção

Antes partiu em aventuras

Mas agora se esmigalhava

Em duvidas duras

Gritava em desespero e lamento

Contra o tempo negligente

"Por que não me curas?"

Indagava o anêmico revoltado

Mas fosse ele mais atento

Reparava em si por dentro

Que a resposta estava em si

Não bastava crer no próprio santo

Mas tão egocêntrico fora ele

Que deixou o par de asas de canto

Definhou ali mesmo

O coração sedento por verdade

Mas

O tempo não agiu com maldade

Pois o mesmo não sutura

Ferimento que não tem cura

A salvação residia

Na esquina de sua alma

A qual ele nunca olhou com calma

Porque o mar

Sempre pareceu mais infindo

Mas cá nesse momento

O mar acabou

Não houve resgate

E o pobre coração

Que não olhava para si

Só se punha a gritar:

Por favor, me mate!

PPFL
Enviado por PPFL em 23/11/2016
Reeditado em 30/08/2017
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