Aventuras de um coração que partiu
Tão tardio e tão sonolento
Acordara em movimento
Com os batimentos à cem por cento
Derivava em alto mar
Em seu bote tão compacto
Mal sabia o sortudo aventureiro
Que o espírito permanecia intacto
Foi-se distante
Até mil léguas
Procurar remendo
Para suas convicções cegas
"Quem diria", o tempo suspirava,
"Nessa tolice que o músculo faz"
Se míngua todo por tão pouco
Perde o ritmo de tão louco
Esquece da própria natureza sagaz
A saudade então floresce
Sobre a pátria tão amada
"Que há comigo?"
Ruge o marinheiro inconformado
Com o fim que não foi dado
Parece que o tempo era sábio
Sobre o vento do destino
E que tudo muda
Com os menores balanços do sino
Mas agora o valente coração
Perdeu sua rota e a canção
Antes partiu em aventuras
Mas agora se esmigalhava
Em duvidas duras
Gritava em desespero e lamento
Contra o tempo negligente
"Por que não me curas?"
Indagava o anêmico revoltado
Mas fosse ele mais atento
Reparava em si por dentro
Que a resposta estava em si
Não bastava crer no próprio santo
Mas tão egocêntrico fora ele
Que deixou o par de asas de canto
Definhou ali mesmo
O coração sedento por verdade
Mas
O tempo não agiu com maldade
Pois o mesmo não sutura
Ferimento que não tem cura
A salvação residia
Na esquina de sua alma
A qual ele nunca olhou com calma
Porque o mar
Sempre pareceu mais infindo
Mas cá nesse momento
O mar acabou
Não houve resgate
E o pobre coração
Que não olhava para si
Só se punha a gritar:
Por favor, me mate!