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Às vezes acho que minha vida é um filme dirigido por Richard Ayoade
E como se eu fosse Oliver Tate
Pensamentos organizados em minha mente
Conversas a sós atordoantes
Me perdendo em uma imaginação flutuante
E você me aparece como Jordana Bevan
Cantando sonatas de Beethoven
E me perco entre o real e o improvável
Tentando achar saídas desse mundo instável
Meus versos são produzidos em compulsão
Como se minha mente trabalhasse em sintonia com minhas mãos
E ao terminar cada verso
Parágrafo
Ou estrofe
Sinto falta da insatisfação da ordem
Não me sinto como um romântico lunático
Tendo fadigas de poemas frágeis
Me sinto mais como um simples e pequeno escritor
Que quando sente a felicidade do mundo, as traduz
E usa tudo o que a palavra induz
Reticentes são meus pensamentos
Que se perdem no tempo
Entre canções ou vento
Tentando compor cada nota.
E é nesse hora que nada importa
O sono se vai
A fome se vai
Minha atenção se vai
E nada mais importa
Os detalhes que observo nas calçadas
Nas pessoas e suas falas
Me trazem inspiração
E por isso
Diria que trabalho em compulsão
Tantas idéias
Tanta coisa
Infelizmente nem todas boas
Mas tento sempre absorver o possível
E fazer disso meu melhor amigo
Para mim não existe o impossível
Ou o improvável
Seja lá o que for
Passarei qualquer obstáculo
Acredito em tudo que vejo
Mas nem tudo que vejo levo a sério
Afinal existem mistérios
O sono volta
A fome volta
E minha atenção me faz perceber
Que para o mundo real devo permanecer
E você
Você não estará aqui
Pois decidiu fugir
Por motivos que não sei explicar
Algo demais para minha pessoa
Mas entre linhas às vezes fico
Oculto e inibido
Exposto ao que vivo
E vivo bem
Vivo tranquilo
Gostaria de te contar pertinho do ouvido
Mas não posso
E não devo
Mas quem sabe um dia
Tu leve embora meu medo
E então posso lhe trazer para meu universo inteiro