O PAPEL QUE ESCREVO SANGRA.

Es aqui o substituo do coração

Da mesma forma, dói...

Foi substituído

Pois mais uma sangria não suportaria.

Feito para ser rabiscado

Não molhado

Pra isso, meu interior.

O órgão símbolo do amor

Que se construiu de amor

Cata migalhas

Deixadas pelo “amor”...

Um sentimento genérico

Talvez saísse mais em conta

Mais simples, barato, cabe no bolso...

Fui optar logo pelo verdadeiro

Pagando caro

Por sua forma só caber dentro de mim.

Lembranças devem ser uma criança bagunceira

Minha mente, seu jardim de infância

Manhosa ...

Fogosa como um casal enlouquecidos pelo prazer

Intensos...

Mestre de escola

Ensinando-me lições noturnas.

Segurança da noite

Que me desperta toda madrugada

Com seu apito eufórico...

Trazendo consigo uma rajada de vento direto da sua boca: ‘’Bons tempos, hein?!”

Da madeira do eucalipto, celulose

Cosido os pedacinhos, em grandes tanques

Lavada...

Levada a máquina “mesa plana”

A grande folha é prensada na esteira rolante

Retirando o excesso de água

(Lágrimas que jorram silenciosamente apertadas no peito?)

É alisada...

Para depois ser enrolada

(Humana?)

Bobinas as cortam tamanhos padrões

(Estereótipos?)

Empacotadeiras separam a quantidade e coloca cada pacote em caixas

(Pedaços meus agora?)

Mas o que resultaria de mim?

(Suspiro de letras...)

Nada!

Ao contrário de todo esse processo que dá origem a folha

Que tenho em minhas mãos...

Tantos pensamentos transpassados

Devaneios

Passado sendo lembrado...

De tanto amor escrito, oprimido, sofrido, esquecido, INTALADO

O papel que escrevo sangra.