Ultimatum do Ser

Eu não sou minha tristeza.

Não sou o que no passado tirou de mim o sangue inocente.

Não sou o espinho que me furou,

Nem tão pouco a lâmina que me cortou.

Nada quero falar

Tudo quero dizer.

Não sou o me acometeu.

Não fui ontem

Não serei hoje, nem amanhã.

Meus olhos choram pelo passado

Mesmo passado que um dia me tirou a vida.

Não sou a dor que me bateu.

Nem o soco que me socou.

Não sou o punhal que me furou a cabeça,

Nem o martelo que me arranhou o peito e deslocou o braço.

Não sou a corrente que me enforcou

Nem o ferro que me machucou

Não sou o soco na barriga que você me deu

Não sou a batida na cabeça que você bateu.

Não sou a surra que você diz que me deu

Não "aprendi" como você diz ser motivo para o que aconteceu.

Não sou tuas ofensas feitas ao meio dia

As quatro dá tarde

E as oito dá manhã.

Não sou tuas palavras hostis,

Não a agressão que sofri

Não sou a depressão que vivi

Não sou o corte que fiz

Não sou, pois sei o que vivi.

Não sou, pois com tudo isso não morri.

Não sou, pois ainda estou aqui.

Não sou o que me acometeu,

Não sou pois transcendi.

David Alex
Enviado por David Alex em 25/02/2017
Código do texto: T5923949
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