DAS VERGONHAS DA VIDA
Envergonho-Me do pão
Doado em vão
Envergonho-Me da mão estendida
Sem amor no coração
Envergonho-Me das palavras escritas
sem nenhuma intenção
Envergonho-me do que foi dito,
do que foi feito,
Envergonho-me do que não foi dito,
do que não foi feito
Envergonho-me do tempo perdido
com coisas tolas e vãs
Envergonho-Me das prisões que construí
para encarcerar minhas tristezas e desilusões
Envergonho-me das vezes que sucumbi
acreditando ser imbatível
Envergonho-Me de ter criado os mais ferozes monstros
dentro de mim.
Agora meu rosto velho, caído e triste
carrega o peso das vergonhas da vida
e a única esperança que em mim resta
é a de que a Palavra "Perdão"
realmente possua o poder de curar
as vergonhas impressas em meu coração
qual o ferro feroz e quente
que ferra o gado com sua marca
que fere e dói, cicatriza,
mas deixa sua marca para sempre.