Andarilho
Ô dois, pares, duplas, lugares
Caminhos que jogam espinhos e curam
Fogo que queima e transforma
Água que lava, mata e vivifica
Que difícil vida é andar por escândalos
Flagelos e escambos
E forte é a terra, que de tanto sangue ainda supera
A triste agonia da espera
Os pés frágeis caminham estonteantes
engatinham
Com firmezas tão distantes
Que se perdem no jardim
E quem dirá do sol e da lua
Que a vida e a morte
No preto e no branco
Sem jogos de sorte, trazem esperança
Assim é o caminho
Que monta meu ninho
Desfaz meu engano
E refaz a lembrança
Não ando sozinho
Não vim sem fonte
Não sobrecarrego
Não traço constante
Corto, parte, seco, puxo
Encho, sopro, ligo e costuro
Enraízo bem forte
Sem me esquecer de ser leve no vento
Me embalo no tempo
Mergulho no fundo
Respiro o mundo
E volto sem lamento