Jejum

E então inicio o meu jejum.

Deixo pra traz o que alimenta

toda ilusão e toda energia;

é tormenta.

Vou alimentar-me de mim

até que haja nada e nenhum.

Se os opostos se atraem,

sou camaleônico.

Espelho? Do mundo.

Desse impulso imundo

que inda me inunda,

mas eu repulso.

Repulsivo, serei repelente.

Os vermes de fora, insetos incertos,

deixarei que morram, como os de dentro.

De fome, de desespero, de silêncio,

numa cetose sagrada, estruturada,

regrada a lágrimas e a doses d'água.

O momento é de faltura.

Falta resposta, falta dinheiro, falta amargura.

Amargura nova, das que salienta, não tem.

Só a pequena dose, aquela dose velha

mas não quero você na minha nova dieta.

Preparo um ritual preguiçoso em mim.

Um trato, um pacto, um palco.

Meu corpo é prato dos meus deslizes.

Ingrato,devorarei meus restos,

curando minhas cicatrizes.

---------------------------------------------------

Hygor L.B. Marques

Hygor Marques
Enviado por Hygor Marques em 21/08/2017
Código do texto: T6090214
Classificação de conteúdo: seguro
Copyright © 2017. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.