PAU DA BANDEIRA
Eu queria ter feito essa canção,
mas ela veio de uma mulher
que, no seio dessa multidão
da escola e da grande nação,
fez o mundo conhecer o Zé.
No auto-falante falava da gente -
a favela pedindo socorro;
e o caroço batia de frente,
seu discurso soava potente,
hasteando a bandeira do morro.
Mas a madame sentada na sala
temia um bocado perder a novela
e rachava os ouvidos alheios,
ela usava de todos os meios,
ela achava que o morro era dela.
Ai, como eu queria que em todo canto
habitassem mais homens sem medo;
que quisessem quebrar esse encanto,
que banissem do morro esse pranto
e tentassem mudar esse enredo.
A coragem do Zé foi coragem de poucos
conscientes da grande verdade;
a clamava até ficar rouco
(a madame o chamando de louco)
e acenava pra eternidade.
Está nascendo um novo líder...