VÁ...

Vá...

Caminhe sobre pedras e sobre a água salgada,

atravesse cordilheiras e montanhas e montes,

pare para descansar mas não pare por nada,

coloque o halo de luz da coroa em sua fronte...

Vá...

Até que surja a cabana de tua mais humilde morada,

entre, varra, limpe, povoe, abra cada porta e janela,

tua casa será, como um dicionário, a casa da palavra,

torne tudo ao redor de ti a paisagem mais linda e bela...

Sacrifique os bens de aço e titânio e sonhos conversíveis,

crie em sua horta a comida excelente que te será benefício,

ao redor do riacho em teu quintal crie um lugar aprazível,

amar e perder e ganhar e tornar a ganhar será teu ofício...

Ouça ao longe o fragor de cada maléfica e insana batalha,

deponha a arma maior de todo e qualquer ser humano,

o frio beijo da lâmina fria e afiada da malévola navalha,

o querer possuir o tudo e assim causar o maior dano...

Vá...

Diga às crianças, a voarem pipas e assustarem passarinhos,

que o mundo é deles e que ninguém deles o irá tirar,

que saibam voar alto e voltar, celestes, ao mesmo ninho,

como cada onda, simples poesia, volta sempre ao mar...

Vá...

Até que seja feita a travessia por entre humanos e duendes,

os rastros deixados sejam pegadas a seu único seguidor,

as mãos na calçada de Deus teus únicos pontos referentes,

aquele que te seguiu estará para sempre contigo, o amor...