EU CRIANÇA

Quando pousei neste planeta,

Primeiro veio a infância,

E pelo que saudosamente me lembro

O eu criança fazia careta,

E corria, e pulava, e esbanjava alegria;

Amava o lar e a vizinhança

Diariamente, de dezembro a dezembro;

A vida era só brincadeira,

Desde a luz primeira de cada dia...

Eu era feliz à minha maneira.

O tempo andou, correu, voou ligeiro,

Qual faísca de ardente fogueira,

Tão rápido que eu não me dei conta;

Foram muitos os sonhos que me levou

A realidade do mundo em movimento,

E muitos também os amigos que me tirou

A foice afiada e inclemente do tempo;

De perda em perda que na vida sofri,

Pouco a pouco fui deixando de ser inteiro;

Hoje sigo o rumo que o coração me aponta,

Levando na valise tudo que de bom vivi;

Mas a ventura pueril daquela época persiste

Até os dias hodiernos, guardada na lembrança;

E nas vezes que me pego cabisbaixo e triste,

Como se estivesse dando o suspiro derradeiro,

É o eu criança que me renova a esperança.

Carlos Henrique Pereira Maia
Enviado por Carlos Henrique Pereira Maia em 30/12/2017
Código do texto: T6212232
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