Dos meus fantasmas

Tenho fantasmas

Em minhas avenidas e encruzilhadas

Eles me moram, transitam

me comem

E me cospem

Tenho fantasmas

Nas ruínas das minhas memórias

Na fumaça dissipada que dança com o vento

Nas pálpebras cerradas

Tenho fantasmas

A me assombrar os sonhos

A me espremer contra as paredes mofadas

Gemem baixinho nos meus ouvidos

Me arrastam sob o asfalto seco

E se vestem de saudade

Se transformam,

E começam a sorrir pra mim como se tudo aquilo fosse bonito

Fazendo parte da arquitetura da natureza, dos seus planos e sonhos

Eu deixo. E assim me faço sorrir junto do que é natural. Do que simplesmente é. Não julgando o bom ou ruim. O mal ou bem.

Danço o movimento da terra.

De mãos cheias, com flores transbordantes

entre dedos e dentes.

Entrego a morte e dou a vida. Sou a vida e recebo a morte. Desconhecido sonho, mistérios dos mistérios. Não tão misterioso assim,

Morando dentro das lembranças de um tempo infinito.

Tenho fantasmas..

Lírio Gita
Enviado por Lírio Gita em 16/06/2018
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