Verdade rasgada
Vejo tudo que se passa: a vida que brota,
A mata que arde, a arma na mão,
O corpo estirado, o choro rasgado...
Não existe culpado, não existe emoção.
Vejo o filho do pobre mastigando a ilusão.
Vejo as armas tão caras seguindo a multidão
Que vagueia sem teto em busca de um pão...
Não existe culpado, não existe perdão.
Vejo a letra do hino e o desenho da bandeira.
Leio a história que narra o fim da escravidão,
Enquanto morre o escravo com o corpo massacrado...
Não existe culpado, não existe razão.
Vejo tudo que se passa: a morte não deixa nada
E o fim começa amanhã. Talvez a miséria
Cante um hino de dor e esfaqueie a realidade
Para iludir a ilusão. E não haverá mais fronteira...
Nem bandeira... nem nação.