Depois de tudo

O que você fará,

quando minhas memórias se forem

e restar apenas um arremedo de quem fui?

O que você fará,

quando minhas pernas, frágeis pernas,

não puderem suportar o peso dos anos?

O que você fará,

quando a dor vier

e os meus mudos gemidos

vierem te ensurdecer?

O que você fará

quando meus olhos estiverem distantes

e esse pranto sem lágrimas me acompanhar?

O que você fará,

quando o silêncio for tudo,

quando eu for mudo,

sedento por falar?

O que você fará,

quando minha pele for enrrugada

e meu sorriso for um nada a te visitar?

O que você fará,

quando eu não puder ir e sem poder sorrir

estiver obrigado a ficar?

O que você fará,

a partir de agora

ao saber que não tem hora

para começar a amar?

Ferreira de Carvalho
Enviado por Ferreira de Carvalho em 28/11/2018
Reeditado em 30/03/2020
Código do texto: T6514270
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