Indago a vida

sei que vivo porque respiro

que outra medida há?

mas se for a vida que me vive

como ela saberá?

na meditação em solitude

reparo na vida de dentro

cismo que tudo que há fora

tem em mim o epicentro

a nuvem que passa no céu

só passa porque a vejo

e o amor que sinto em mim

corporifica-se em beijo

que vida é mais verdadeira

a que vivo ou a que sonho

se tudo o que me acontece

sou eu que teço e componho?

queria a chave inconteste

a tantas difíceis questões

mas a vida pouco se importa

com minhas inquietações

quem sabe ela me responda

no silêncio de uma estrela

tão imensa e transparente

que eu não consiga entendê-la

caminho assim dissimulada

como quem nada indagou

enceno-me bailarina

apenas fecho os olhos... e vou

Helenice Priedols