Queísmo vital

Defrontar-me com o céu

Nunca foi tão abismal

Confuso sentimento

Todo revestido em véu

Nas entranhas, isolado

Embaraço local

Ainda que haja infinidade

É a parte limitada que me cabe

Fecha-me a uma circularidade

Toda interna pelo que se passa

Sim, desaprendi

Não sei ser mais que isso

Não quero a obrigação de saber

Posto que isso que sou

A mim, é suficiente

Mesmo sem crer

No alvo, fui atingida

Uma bala atravessou meu peito

A vida, às vezes, coragem cria

Desatina, mira e forte dispara

O tempo não perdoa, não

Quem foi que inventou essa ideia?

O coração guarda tudo no baú

Da alma

Brinca com a memória

Desvenda orgulho em mistério

Cedo ou tarde, revira as lembranças

Coloca a repensá-las

Projeta o imaginário

Do próprio pedaço que falta

Não apaga, nem rasga

Tatua dentro do afago

Achas que nega?

Pois te digo: nada

Com beijo, cala a fala

Com toque, acessa o outro lado

E se eu te contar

Que o meu amor é festa

Está mais para cinza

Que verde flor

Todo voltado para si

Reflexivo e pela metade

Nu sem demonstrar pudor

Mas, há o desinteresse

Ele, um tanto, persiste

Também, não deseja ver-te

Estado apático ao pequeno flerte

Desenganado para suportar

O querer minimamente

Por paixão, enlouquecer-te

Então, decido

Eu mesma me entrego

Faço-me vítima

Do nosso afeto

Caio sozinha

No nosso esquecimento.

Mariane Amaral
Enviado por Mariane Amaral em 15/11/2019
Reeditado em 16/11/2019
Código do texto: T6795566
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