BEBEU DA VIDA
Ela escolheu os brincos,
Errou o fecho.
Encontrou as meias,
Calçou o avesso.
Abriu o armário,
Achou os sapatos,
Tateou o vestido,
Vestiu-se às vias de fato.
Ela abriu um vinho.
Bebeu da taça das grandes ocasiões.
Caminhou pela casa, soltou os cabelos;
Jogou no lixo todas as intenções.
Ela sentiu a chuva,
Chegou à janela,
Sentiu-se pronta,
E apagou todas as velas.
Ela limpou os vidros,
As lagrimas dos olhos;
Vislumbrou um horizonte,
Embora distante.
Ela tomou um café,
Tomou das chaves e,
Decidida,
Bebeu da vida.