Clausura

Há muito nos isolamos

Isolamo-nos na fala

quando nossas gargantas emudecem

ante as dores de um mundo a agonizar

Isolamo-nos no trato

quando as telas transformam-nos

em lobos sedentos pelo que irá nos guiar

Isolamo-nos nos dias

quando as caixas

em silenciosa melodia,

nos dizem onde chegar

Isolamos o que há dentro

para tocar ligeira e brevemente

o que de fora irá ficar

E quando o fim,

que é certo, chegar

Seremos o velho

agonizando em lamentos

pelo que não pode mais lutar

Mas esta conversa

não é sombra

antes, quer ser luz

Busque a vida que é bela

nas coisas mais singelas

e a paz irá te guardar

Seja vida, seja criança

que quer descobrir

sem ter que deixar

Leia o vento,

Perceba o canto

Uma voz

irá te contar

Que a tua janela é a tela

Mas o que procuras lá fora

É dentro que irás encontrar