SUSPIROS

Ouvindo Mezzadri...

Embalada por seus acordes castelhanos...

Deixo minha mente vaguear, no meio da madrugada.

Cansada, pensando em tudo o que já passei.

Em todos os momentos bons e não tão bons assim...

Nos sorrisos verdadeiros e nos dados de forma forçada.

Mas falas ouvidas com os tímpanos... E com o coração.

Essas últimas, mais difíceis de serem sentidas.

Não sou fácil. Nunca fui.

E nunca serei assim como me imaginam, boa samaritana.

Sou humana, com pressa de sentir as coisas.

Com ânsia de não desmoronar, às vezes.

Já perdi as contas das vezes em que segurei o mundo alheio,

E deixei o meu cair.

Uma queda sem equipamentos de proteção.

Um baque às escondidas, lá pelas duas da manhã.

Na escuridão do quarto, debaixo da manta.

Ouvindo um instrumental, e segurando os soluços...

Para não acordar o mundo.

Já pensei em desistir.

Mas, já me lembrei também das pessoas que esperam minha felicidade.

E é por elas que ainda luto.

Hoje, seria seu aniversário.

E eu sei que aqui dentro a saudade está difícil...

Queria compreender esse peso todo,

Com a mesma facilidade quanto escrevo.

Todavia, têm coisas que nem Freud explica.

Os encontros e desencontros.

Os olhares de canto de olho.

Os sorrisos de canto de boca.

Os quereres disfarçados e não ditos.

Os xingamentos guardados, como recato humano.

Tudo, exatamente tudo...

Às vezes eu acho que vou enlouquecer.

Noutras, que a sabedoria só aumenta meu coração.

Um coração bobo, bravo, bem simples.

Uma alma velha, xarope e cheia de incógnitas.

O dia já está nascendo.

E com ele uma nova oportunidade de enxugar o rosto e continuar...

Por algo ou por alguém que valha a pena cada suspiro...

HELOISA ARMANNI
Enviado por HELOISA ARMANNI em 23/04/2020
Código do texto: T6926220
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