Cicatrizes
Não me foi dado um nome,
e até me falta um lar,
por que devo conhecer o mar?
Poderá me suprir a alegria?
Eu sou feito de tristeza,
um dia sem beleza,
rosto sem identidade,
criança que não veste fantasia.
Sou um encontro da solidão,
fadiga e sofrimento,
abraço de momento,
em meio ao pranto da dor,
nas águas turvas do mar,
sem forças pra navegar,
rosto de um órfão triste,
que não conheceu a face do amor.
Minhas infância deixou cicatrizes,
quando eu só tinha o coração de menino,
e fui jogado ao próprio destino,
sem o doce sabor de ser amado,
tive que abafar a tristeza,
por vezes não escondi minha fraqueza,
não pude viver a estesia de ter um lápis de cor,
tampouco sei porque me pego falando do passado.
Eu fui acolhido com indiferentismo,
adotei os bons olhos como modelo,
e venci meu maior pesadelo,
viver o futuro ao qual fui destinado,
mas sofro por aqueles que não sei onde estão,
queria poder-lhes estender a mão,
são fruto da falta de amor e orgulho doentio,
e como lírios tristes só precisam de atenção e cuidado.