Da fome

Que olhar sofrido.

Que lento caminhar...

Lixeiras vejo-o vasculhar.

Um pedaço de quê?

O que espera ele encontrar?

Busca nas cinzas, nos restos um lampejo de vida.

Fecho os olhos pra não ver.

Meu coração se nega a crer...

No fundo do poço?

Quanto fez ele de esforço?

Se deixou levar pelas águas de um rio?

Foi um vento forte... um vento frio?

O que o levou e lá no fundo o amarrou?

Seus lábios amordaçou...

Por que não aproveitou e sua fome matou?

E o que mais assusta é que a humanidade segue... segue como se a fome do outro não importasse.

Vasculhar o lixo...

Isso não é coisa nem pra bicho.

Rosangela Calza
Enviado por Rosangela Calza em 17/12/2021
Código do texto: T7409271
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